terça-feira, 27 de novembro de 2007

Fim de ano é aquele momento em que eu costumo jogar todas as minhas coisas no chão e ir arrumando aos pouquinhos. No meio do meu armário, achei um cd, assim, jogado de lado. Nele encontrei três anos de blogs (textos que não estão mais online). Ao ler esse, me lembrei de uma certa mocinha linda que estava triste nesse fim de semana... Todo mundo tem dias ruins, viu, gata?!
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Segunda-feira, Março 28, 2005
Me deu uma vontade imensa de falar de você. Olhando assim, agora, dá até pra ver os pés de galinha aparecendo. “Coisa horrorosa”, diria minha mãe. Mas eu não digo nada. Você sempre gostou de marcas, certo? E se não gostou nunca, sempre teve uma a delicadeza de esquecer as cicatrizes. Você já foi mais sorridente. Agora é assim: sempre a cara meio neutra, o olhar perdido sabe se lá onde, essa cara meio triste, meio blasé. Nunca cara de “foda-se o mundo”. Nunca a cara de “ganhei na loteria nesse segundo”. Te olho daqui e queria te dizer um tanto de coisa. Sei lá, só pra ver se você se acalma. Ou se cansa, ou se dorme. Ou se só bebe. Bem, beber é muito do que você tem feito ultimamente. Por descrença, por desencanto, por desespero... por cansaço... Se pudesse, seu café da manhã seria café e cigarros, mas isso não seria muito saudável. Mesmo assim, é assim há dias. E você come uma vez por dia pra fazer média consigo mesmo. Você já passou por coisas piores... não é a primeira vez, não é a última. É só uma das tantas vezes que eu te olhei (e olharei) com vontade de te por no colo. Talvez falte um pouco de cor. De repente, você me parece cinza, e essa não é uma cor que te caí bem. Talvez verde talvez nada. Talvez não faça diferença, já pensou? Talvez você seja um personagem absurdo dos contos de Caio Fernando Abreu ou alguém perdido num filme do David Lynch. Ai sim!!! Ai tudo estaria explicado! Seria bom não ter que se preocupar. Seria um alívio. Mas você acorda todos os dias e faz tudo como qualquer outro. A cabeça sempre funcionando sem parar. Não pode ser coisa de personagem, você pensa. Queria te dizer pra ficar bem, pra não esquentar a cabeça, que “problema que tem solução, não é problema”, que... mas pra que? Te conheço há tanto tempo sei que não vai adiantar isso sair da minha boca. Corro o risco até de apanhar. Provável que minha fala cause uma nova ruga no rosto, mais uns dias de olheiras, incontáveis copos de cerveja, não sei quantas músicas ruins. Então, só te olho aqui de longe e não falo nada. Finjo, daqui, que não me dói te ver assim. Escondo seu rosto entre as minhas mãos, enrolo os seus cabelos, enxugo as suas lágrimas. Podia te dizer que você é a coisa mais linda desse mundo, que meu coração aperta e estilhaça em pedaços, podia, queria te dizer todas essas coisas. Mas eu só faço o que você faz, vou só chegando perto de você, pra te lembrar que depois de levantar da cama, a única coisa que se pode fazer é jogar uma água fria no rosto e respirar...
Depois vem o depois...
E é ai que eu sempre te vejo...
espelho

3 comentários:

frô disse...

noo mi, acho q falou tudo. todo mundo passa por isso de vez em quando, a ideia é essa mesma, jogar agua fria no rosto e acreditar q tudo passa

Filó disse...

Nossa, lady, acho q até dispensa comentários viu!

E segura a franja na hora de jogar a água no rosto, senão fudeu! hahha

adorei o texto, mesmo!

Bjim

Filó disse...

Reli o texto... e não podia deixar de soltar um PUTA MERDA!
Arrepiei!!!
Gata, vc tem o dom, viu!
E q lindo!
Bjim