sábado, 16 de fevereiro de 2008

Inércia


Ando afim de ir pra algum lugar, sei lá, algo semelhante a um Woodstock. Um mato, pode ser um parque. Música boa. Boas pessoas, felizes, drogadas ou não, desde que a energia seja positiva. Diferentes, cada um à sua maneira, porém abertas, dispostas. Não só aceitando as divergências, mas interagindo. Um lugar receptivo, aconchegante, espaçoso. Sem restrições, recriminações. Pra poder pular, cantar, dançar, rolar no chão.
Eu quero flutuar ao som de um blues.
Eu quero sentir! ..... A música, as pessoas, a terra, a chuva.
Eu quero rir com meus amigos, quero fazer novos amigos.
Eu quero algo que me realmente me divirta, que me excite, que penetre minhas entranhas com aquela sensação de bem estar, êxtase. Que me invada, que tome conta de mim.
Fugir um bocado...
Me sinto uma atriz. Fingindo ser feliz. Fingindo me divertir.
Não sei em qual mundo quero viver, pois o que eu idealizei só tem um habitante: eu. Minhas idéias, meus valores, minhas vontades, minhas necessidades, meus interesses não são compartilhados. Aliás, nem dá pra desfrutar de muitas coisas pois dependem de outras tantas. Tudo o que eu quero muito fazer agora está fora do meu alcance. Dentre essas, muitas são impossíveis.
Por falar nisso... Ele não aparece... Aquele que eu fico ironicamente esperando surgir inesperadamente de algum lugar surpreendente. Assim, sem querer.
Ai, cansei dessa inércia.

Um comentário:

Filó disse...

Vou-me embora pra Passárgada

Lá sou amigo do rei

Lá tenho a mulher que eu quero

Na cama que escolherei

Vou-me embora pra Passárgada



Vou-me embora pra Passárgada

Aqui eu não sou feliz

Lá a existência é uma aventura

De tal modo inconseqüente

Que Joana a Louca de Espanha

Rainha e falsa demente

Vem a ser contraparente

Da nora que eu nunca tive



E como farei ginástica

Andarei de bicicleta

Montarei em burro brabo

Subirei no pau-de-sebo

Tomarei banhos de mar!

E quando estiver cansado

Deito na beira do rio



Mando chamar a mãe-d'água

Pra me contar as histórias

Que no tempo de eu menino

Rosa vinha me contar

Vou-me embora pra Passárgada



Em Pasárgada tem tudo

É outra civilização

Tem um processo seguro

De impedir a concepção

Tem telefone automático

Tem alcalóide à vontade

Tem prostitutas bonitas

Para a gente namorar



E quando eu estiver mais triste

Mas triste de não ter jeito

Quando de noite me der

Vontade de me matar

Lá sou amigo do rei

Terei a mulher que eu quero

Na cama que escolherei

Vou-me embora pra Passárgada

Manoel Bandeira